Tuesday, March 25, 2008

- Posso amor?

Escrava submissa,
Mas também pobrezinha,
Assim como assim,
Ela não sabe pensar sozinha…

Esteve presa num covil
Ignorante, subordinada,
Nem jeito, nem génio
Talvez aspecto coitada!

Abana-te barbie
Que a vida está para ti,
Não sabes mais que uma porta
Pois donzela, sorri.

Tudo te dói,
Tudo anda errado,
Deve ser o teu cérebro
Meio estragado!

E posso culpar Deus
Por tu seres assim
Desde que tu, vidrinho
Fiques bem longe de mim!


Saíste da casa do pai
Para arranjar marido
Já planeaste tudo
Até já tens vestido!



Haja paciência!

Wednesday, March 19, 2008

What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind.

Monday, March 03, 2008

Oisive jeunesse
À tout asservie
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah! Que le temps vienne
Où les coeurs s' éprennent!

Saturday, March 01, 2008


No princípio era o Eu, o ser intocável que se move nas sombras escuras de cada página, depois o ser flúi para encontrar outras almas perdidas entre as páginas brancas tingidas. E então o Eu deixa de existir, dando lugar a algo maior, mas a algo mais vago e de contornos esbatidos. No princípio era a palavra e a palavra estava com Deus… Mas já não está. No princípio era a palavra e continua a ser, mas agora é um pequeno deus escritor que se vai revelando. A sua criação durou mais de sete dias e nas nossas mãos, pode durar o tempo que quisermos. A sua criação não é perfeita, pode nem ter meio, nem fim, mas revela-se nas nossas mãos, perante o nosso olhar. Eis o génesis e o apocalipse. Arrependei-vos pois pecadores, pois a obra está perante vós.
Tudo foi feito por ela, e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens… E das mulheres! E de todos os seres que se abeiram à luz das palavras.

Saturday, December 22, 2007


As tragédias alheias são sempre de uma banalidade desesperante .

Oscar Wilde

Sunday, November 18, 2007

O limpa-vias trabalhava há muitos anos no subway, sempre de olhos no chão. Uma toupeira, um rato dos canos. Picava papéis na ponta de um pau com um prego, e metia-os no saco. Varria milhões de pontas de cigarros, na maioria quase intactos, de fumadores impacientes, raspava das plataformas o chewing gum odioso, limpava as latrinas, espalhava desinfectantes, ajudava a pôr graxa nas calhas, polvilhava as vias de um pó branco e misterioso, e todas as vezes que o camarada da lanterna soltava um apito estrídulo – lá vem o comboio! – ele encolhia-se contra a parede negra, onde escorriam águas de infiltração, na estreita passagem de serviço. Até já tinha ajudado a recolher pedaços de cadáveres, de gente que se atirava para debaixo dos trens, e a transportar os corpos exangues de velhos que de repente se lembravam de morrer de ataque cardíaco, nas horas de maior ajuntamento, uns e outros perturbando o horário e provocando a curiosidade casual e momentânea dos passageiros apressados. Sempre de olhos no chão, bisonho e calado, como quem nada espera do Alto, e não esperava. A vida dele vinha toda do chão imundo e viscoso.

Saturday, October 13, 2007

B asta
L embrar
O utros
Q ue
U ltrajados
E mbalam
I nfinitamente
O utros

A ssim
R io
T ambém
I nvisível
S em
T entar
I nvocar
C onvidados
O u….


M eramente
E spreitar
R aras
D eusas
A njos

………